domingo, 24 de abril de 2011

Dúvidas

- Mamã, tu e o papá vão separar-se?
- Porque perguntas?
- Porque quando fomos à Serra da Estrela o papá fez asneira no carro e tu gritaste com ele.
- Também grito contigo às vezes, não é?
- Sim.
- E achas que me vou separar de ti?
- Não.
- Ou que gosto menos de ti porque às vezes te grito quando fazes asneiras?
- Não.
- Então porque havia de me separar do papá?
- Pois, não.
- Mas porque falas em separação?
- Vi na televisão.


Eu acho que algum dos amigos falou no assunto na escola, e ele teve medo, mas safou-se bem nas argumentações.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Paleontólogo

- "Bábá, quando crescer quero ser paleontólogo."

- "E tu sabes o que isso é?"

- "Claro que sim, são os senhores que procuram as pégadas dos dinossauros, que é o que quero fazer quando fôr grande."

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Experiências

Enquanto jantavamos num restaurante que tinha por cima da mesa um candeeiro, diz o Xani:

- Mamã, vamos testar uma hipótese. Se este candeeiro estivesse a andar de um lado para o outro não tinhamos tanta luz.


Ok, ele tem 4 anos, daqui a mais 2 creio que posso esperar chegar a casa e ter a cozinha transformada num laboratório!

sábado, 2 de abril de 2011

Sensibilidade e Bom Senso

Estive fora uma semana e morri de saudades do meu Xani, foi mesmo o que mais me custou estar tanto tempo sem o cheiro do meu menino, e sem o poder abraçar.

Quando cheguei percebi que de facto ele tinha sentido saudades minhas, embora no decorrer da semana ele esteve tão embrenhado na sua rotina, que pouco tempo me dedicou, mesmo se eu lhe ligava duas vezes ao dia, de manhã e à hora do jantar - exactamente às mesmas horas que ele está habituado a estar comigo. Mas a semana passou para ele sem grandes alterações, felizmente mas senti-lhe a necessidade de me contar as coisas que o tinham entusiasmado e que eu não tinha tido a oportunidade de partilhar, como a ida ao cinema, ou a viagem de tractor e a sua grande aventura de montar um cavalo.

Mas lentamente voltámos à monotonia do dia à dia e às coisas que ele descobre diáriamente e às surpresas com que sempre me presenteia.

Ontem ao ir buscá-lo à escola informei-o que iria dormir a casa da minha mãe, que está actaualmente com o meu avô devido ao seu estado debilitado. Ele ficou obviamente delirante, porque gosta muito dos fins de semana na companhia das avôs, mas de repente diz-me:

- "Mamã, quando chegamos aos 100, morremos?"

Eu sem sabe bem o que lhe responder achei por bem enveredar pela explicação religiosa:

- "Morremos quando Deus quer, não tem de ser aos 100, pode ser antes ou depois."

-"Mamã, falta muito ao avô para morrer?"

Fiquei sem fala, porque sei bem que essa é uma ideia que a todos na familia tem andado a pairar nas mentes, mas nós somos adultos, não dizemos tudo o que pensamos, ao contrário de uma criança de 4 anos, que tem o coração na boca.

- "Amor, todos nós um dia vamos morrer, mas não sabemos quando, por isso sim o vôvô vai morrer um dia, como eu e tu."

Ele presentiu o meu incómodo e disse-me: "Estava apenas a tentar perceber."

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Já em casa da minha mãe, fez com ela uma coisa que adora, foi às compras. Saiem de casa cedo, vão até ao café, andam até ao mercado, fazem as visitas obrigatórias à senhora dos legumes, ao senhor do talho, e sem esquecer a passagem pela charcutaria e o peixe.
Quando chega a casa está de rastos, cansado e com dores nas pernas, o que é bem compreensível pelos Km que percorre.
Hoje a minha mãe estava carregada de compras de um lado e de mão dada com ele do outro, foi quando ele a olhou e lhe disse:

- "Deviamos ter chamado o pápá, assim ele levava as tuas compras no carro e tu já não ias carregada."